sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Manifesto "Dia Internacional do Trabalho Digno"

Em toda a Europa, celebramos hoje, dia 7 de Outubro, o Dia Internacional do Trabalho Digno.
Todos os dias, os jovens são confrontados com situações de desemprego, contratos laborais precários, instabilidade laboral, trabalho a recibos verdes, baixos salários, pressões exacerbadas por parte das entidades patronais, perda de direitos e más condições de trabalho que põem em causa a sua segurança. Estas situações ferem a dignidade dos jovens e não lhes permitem planear e encarar o seu futuro com serenidade. Existe um sentimento de frustração, os jovens não se sentem realizados no que fazem e isso reflecte-se tanto no trabalho como na família.
Em Portugal, há toda uma geração que vê ser-lhe roubado o futuro e, como alternativa, é obrigada a procurar o futuro fora do seu país. O desemprego voltou a aumentar no segundo trimestre de 2010. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em apenas um ano o número de jovens com menos de 35 anos cresceu 22 milhares e a taxa de desemprego desta camada etária atinge já os 20,3%. Aos dados do INE juntamos o recente relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que indica que a taxa mundial de desemprego jovem atingiu, em 2009, o nível mais alto da história – 13% – ainda assim bem abaixo da taxa verificada em Portugal, anteriormente referida.
Os jovens trabalhadores, as novas gerações, são seres humanos com dignidade e têm direito a uma vida melhor, não podem ser peças descartáveis ao sabor do lucro. A Europa não pode correr o risco de perder todo o potencial dos jovens trabalhadores. Urge inverter esta realidade que “desperdiça” a juventude. Os jovens precisam de oportunidades, autonomia, emancipação e capacitação para que o desenvolvimento e o crescimento das sociedades sejam garantidos.
Neste contexto, a luta por um trabalho digno, de qualidade e com direitos é essencial para que se possa construir uma Europa mais justa e mais solidária. Cada jovem trabalhador deve tomar consciência da sua dignidade e da importância que tem preservá-la. Contestar de forma individual não é a melhor solução. Importa mobilizar os colegas de trabalho para a luta que é para o bem de todos.
Assim, os jovens dos movimentos europeus da JOC decidiram lançar hoje este Manifesto, integrado na Campanha Europeia sobre a Dignidade dos Jovens Trabalhadores, iniciada a 1 de Maio do presente ano e que se prolongará durante os próximos dois anos. Vamos para a rua com a convicção daquilo em que acreditamos, num desenvolvimento económico e social centrado na pessoa e na dignidade humana e comprometido com a juventude, através de estratégias que promovam, efectivamente, o trabalho digno. Mais do que palavras de ocasião exige-se acção.
Já em 1999, a OIT caracterizava um trabalho decente/digno com vários elementos: a possibilidade de exercer um trabalho produtivo e de auferir, por ele, um salário justo; segurança no trabalho e protecção social para as famílias; melhores perspectivas de desenvolvimento pessoal e integração social; igualdade de oportunidades; liberdade para emitirem as suas opiniões, se organizarem e participarem nas decisões que afectam as suas vidas.
Neste dia tão importante, a JOC não pode deixar de relembrar, em nome da dignidade humana e do trabalho digno, as palavras de Cardijn: “ Cada jovem trabalhador vale mais que todo o ouro do mundo, porque é Filho de Deus”.

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